Em dezembro de 2010, Mohamed Bouzazi, jovem tunisiano de aproximadamente 20 anos, formado em Ciências informáticas, ao saber que não poderia exercer a sua profissão devido às inúmeras burocracias existentes na Tunísia, resolveu entrar para o ramo do comércio. O estudante abriu uma banca e começou a vender produtos dos mais diversos em espaço público, não demorou para que a polícia local apreendesse e queimasse a sua barraca e produtos, alegando que Mouhamed não tinha uma licença para trabalhar naquele local.
Mohamed tentou então os meios legais, buscar uma licença. A resposta foi que ele estava por tempo indeterminado proibido de exercer quaisquer profissão em espaço público.
Não demorou e o estudante tunisiano praticou um ato que certamente marcará a historia do País por muito tempo, o mesmo ateou fogo no próprio corpo e veio a falecer alguns dias mais tarde. Esse ato fez com que estudantes de diversas partes do país resolvessem agir do mesmo modo que Mouhamed, em poucas semanas centenas de Jovens (219 para ser mais exato) já formados e sem emprego perderam suas vidas, a maioria por suicídio.
Não demorou e o estudante tunisiano praticou um ato que certamente marcará a historia do País por muito tempo, o mesmo ateou fogo no próprio corpo e veio a falecer alguns dias mais tarde. Esse ato fez com que estudantes de diversas partes do país resolvessem agir do mesmo modo que Mouhamed, em poucas semanas centenas de Jovens (219 para ser mais exato) já formados e sem emprego perderam suas vidas, a maioria por suicídio.
O ditador Zine Ebidin Ben Ali (de terno escuro) visita o Jovem Mouhamed Bouzazi
que ateou fogo em seu próprio corpo
FONTE: www.sol.sapo.pt
Em poucas semanas essa revolta popular, que a principio foi abafada pela cúpula Tunisiana, levou o ditador Ben Ali a renunciar o poder, o ditador administrava o país há 23 anos.
No Iêmen o ditador Saleh, nesse mesmo começo de 2011, anunciou que não disputará as próximas eleições em 2013.
"Não haverá governo hereditário nem presidência vitalícia", Saleh foi o autor dessa frase, ele encontra-se no comando do país há 32 anos.
O mesmo vem ocorrendo na Jordania e Argélia, movimentos populares reinvidicando mudanças imediatas.
Talvez o caso que mais tenha chamado a nossa atenção nos últimos dias, devido a intensa cobertura da imprenssa, seja o Egito.
Manifestante Egípcio durante passeata
FONTE: UOL
O presidente Hosni Moubarak já está no poder há 30 anos, e era até então antes desse movimento popular estourar, um aliado forte dos Estados Unidos, digo era porquê essa forte pressão que se aflorou no Egito sobre Moubarak, fez com que os olhos do mundo se virassem para o Estadunidense Barack Obama, defensor assivo da ‘‘democracia’’. Ora, se os Estados Unidos realmente lutam por uma democracia, seria rápido e intenso o apoio do país ao movimento popular certo. Não foi bem o que aconteceu, a realidade é que para os E.U.A, o apoio do Egito é fundamental para conservação de sua bases nessa região do mundo e um apoio a esse movimento popular e a democracia é claro, seria uma traição ao governo que os apoiou nas últimas décadas.
Milhares de manifestantes em mais um ato contra Mubarak
FONTE: UOL
Os conflitos no oriente médio não cessam e uma das maiores fontes de renda dos E.U.A é exatamente a indústria da guerra, para esse sistema se manter é necessário ter bases espalhadas por todo globo. A dependência, aliás, é mutua, enquanto os E.U.A estrategicamente mantém a sua base no Egito, o mesmo recebe cerca de 1,3 bilhão por ano em ajuda militar.
A questão é que há muito tempo não víamos tantos movimentos populares em prol de mudanças, movimentos que vem dando certo já que falamos de governos que estão há 20, 30 anos no poder, de ditadores que cometem inúmeras atrocidades para se manterem em tais posições. Estamos vendo hoje, mudanças que afloram outros movimentos em diversas partes do globo, movimentos esses que tem á tão sonhada democracia como tema fundamental de suas manifestações e objetivos.
É importante salientar também que a saia justa vivida pelos E.U.A em relação ao Egito despertou interesse em cidadãos de todo mundo que nunca se perguntaram realmente o porque da Guerra no Afeganistão ou Iraque, viram que aquele discurso estadunidense de que a invasão era em prol da democracia não passou apenas de um discurso, que na verdade o objetivo estadunidense era apenas a exploração de recursos naturais nessas áreas.
A demora de tomar alguma posição em relação ao Egito arranhou ainda mais a imagem de um país que já há alguns anos começa a sofrer com essa posição que exerce sobre todo mundo. Uma decisão errada como essa, incita e fortalece movimentos e pessoas que não vivem o sonho americano, muitas vezes nem se têm mais sonhos devido a tantas dificuldades e responsabilidades que tem em suas vidas, a lutarem por uma vida mais justa e igual.
Pai leva o filho em ato contra Mubarak
FONTE: UOL
Assim acompanhamos hoje mudanças que acarretarão, com os novos comandantes desses países, em uma nova configuração geopolítica mundial, mudanças inclusive que chegarão até nós brasileiros, já que vivemos em um só mundo que nunca esteve tão ligado como nos dias atuais.
FONTE: www.uol.com.br , www.veja.abril.com.br , www.sol.sapo.pt
FONTE: www.uol.com.br , www.veja.abril.com.br , www.sol.sapo.pt
A queda dos governos no norte da africa sem duvida é uma prova do enorme poder que ainda existe em manifestações de cunho popular, a minha grande duvida, é se apenas sera tirado o terror do poder e colocado o mal no seu lugar, vide caso do iraque, "saiu o ditador e chegou a opressão, saiu quem matou e chegou o vilão" parafraseando GOG.
ResponderExcluirTenha serias duvidas que a oposição presente nesses paises tenha capacidade de atender aos anseios populares, citando apenas um exemplo: Abrir a fronteira do Egito com a Palestina, o que desagradaria em muito ao imperio.
Concordo Marcelo e eis aí um problema que pode se tornar ainda maior já que o provável futuro governo do Egito é de uma ala extremamente religiosa, o que irá de certa forma mudar os laços do país com o resto do mundo.
ResponderExcluirConsidero plausivel, numa sociedade cada vez mais capitalista como a nossa, que ainda haja movimentos populares como esse.
Com relação a atender os movimentos populares existem outros exemplos como o próprio Iraque no qual você citou e até mesmo a Africa do Sul, onde o poder após o Apartheid apenas trocou de mãos, a miseria no país continua enorme e nos últimos anos é cada vez maior as manifestações contra o atual sistema.
Mudanças como essas (que pode vir a ocorrer no Egito)nem sempre são para melhorar ou beneficiar os mesmos movimentos sociais que lutaram para isso, no entanto esses movimentos espalhados por todo o mundo mostra que não irá demorar para termos drasticas mudanças nesse sistema atual que vivemos hoje.
Obrigado pelo comentario, sua opinião fortalece o tema abordado.
Aproveitando o gancho da discussão, devo reforçar que as territorialidades demarcadas política e culturalmente nessas regiões, controladas na sua maior parte pelo interesse geoestratégico das potencias dominantes, sofrem grandes impactos.
ResponderExcluirNesse momento o Egito luta por uma revolução democrática. A aliança recém quebrada por novos interesses geopolíticos da noção estadunidense ao atual presidente Mubarak mostra que na verdade todo discurso não passa de uma conceituação intangível, tenta através do discurso democrático reforçar a necessidade capitalista.
De certa forma minha visão só pode ser otimista, afinal nesse países a revolução verdadeiramente veio de baixo para cima, e isso mostra o quanto poder tem uma nação determinada. Só nos resta esperar que tudo isso convirja para algo positivo, para eles e não para os interesses esternos.
O que me deixa mas tranquilo quanto a questão do Egito, caro amigo Marcelo, é que as manifestações populares, não são apenas para a mudança de poder mas sim por todo um sistema. Na minha opinião não é a a troca do mandatário, mas mudanças da constituinte do país, espero sim que em setembro ocorra as eleições e os plebecitos para as mudanças que os populares estao revidicando.
ResponderExcluircomo nosso colega Phillip diz a revolução quando vem de baixo para cima é a verdadeira revolução, pois são os movimentos populares que fazem a diferença em todo nosso contexto historico, ate mesmo aqueles movimentos que ja vimos aqui mesmo no Brasil, que tambem fiz parte dos famosos "caras Pintadas", que foi uma grande movimentação estimulada pela midia e não por um ideal e verdadeiras mudanças ideologicas.