Vazio, vontade de estar morto, talvez de não ter nascido, vontade de não fazer parte daquele mundo, espaço, lugar. Esses talvez foram sentimentos que Hutus e Tutsis, duas etnias de Ruanda, sentiram durante os cem dias de atrocidades vividas no país no ano de 1994.
Marcas de uma guerra que não era dele
FONTE: Homovisuallis.com
Dezessete anos após o ocorrido vemos forças internacionais intervirem na África setentrional, dezessete anos atrás não foram levados em consideração direitos humanos ou uniões internacionais contra o genocídio, que sim, a comunidade internacional sabia que acontecia e nada fez. Simplesmente viraram as costas e deixaram cerca de 800.000 pessoas perderem suas vidas, deixaram cerca de 250.000 mulheres serem estupradas, milhares de pessoas serem mutiladas. Dezessete anos após o genocídio que durou cerca de 100 dias ressurge em Ruanda uma geração, muitos sem pai, mãe ou referência, com sonhos, vontade de viver e talvez, vontade de paz.
Mortos em Ruanda
FONTE: WN
Desprezo pela vida
FONTE: Geografia Anarquista
Refugiados Tutsis
FONTE: Geografia Anarquista
Ruanda é dividida hoje, assim como em 1994, por duas etnias, os Hutus, que estavam no comando do governo em 1994, e os Tutsis, que hoje estão no poder. A existência dessas duas etnias se da pelo fato de a Bélgica, no começo do século XX ter feito tal divisão. Após a derrota do Império Alemão na primeira guerra, o protetorado de Ruanda foi entregue aos Belgas, que com apoio da Igreja Católica denominaram, por características físicas, quem seriam os Tutsis e os Hutus. A minoria classe alta Tutsi teve o ‘‘privilégio’’ de ditar as regras, em relação a grande maioria Hutu, também denominados por características físicas, e até mesmo parte da classe menos favorecida dos Tutsis.
A escolha ou divisão foi feita da seguinte forma, negros altos e nariz afinado eram apontados como Hutus, o contrario Tutsis, prática utilizada por anos que acabou por dividir uma população ou etnia única em duas, que mais tarde e mais uma vez por influencias internacionais acarretou nessas milhares de mortes.
Milhares de esquecidos
FONTE: Geografia Anarquista
São apenas dezessete anos de uma das maiores atrocidades ocorridas na história da humanidade. Na época o então Presidente Bill Clinton disse não saber do que ocorria em Ruanda, a comunidade Europeia, em especial a França, disse ‘‘ter feito o máximo’’ e a ONU, que deveria por sinal ser a força pacificadora, sequer ouviu seu general, Romeu Dellaire, que por diversas vezes pediu apoio à comunidade internacional e jamais foi ouvido.
A verdade é que em Ruanda não há Petróleo, não há ouro, recursos minerais ou naturais que tenham valor econômico que atraia os países mais ricos, como é visto hoje nos países do Norte da África, Oriente Médio ou qualquer outro espaço do planeta que hoje ocorra conflitos. Quando se fala apenas em pensar no próximo ou pensar na Raça Humana, na única Raça, a humana, não há interesse algum dos detentores do poder econômico, a verdade é que não há perspectiva alguma de paz, não teremos essa paz que tanto ouvimos em discursos, não é interessante para quem está por cima.
A esperança resiste
FONTE: Geografia Anarquista
O futuro tem sede de paz
FONTE: Geografia Anarquista
Que essas 800.000 pessoas que pagaram com as suas vidas, erros acumulados desde meados do século XIX, não sejam esquecidas, mães que perderam filhos, filhos que perderam país, pessoas que perderam parentes, amigos, dignidade, alegria, vontade de viver, pessoas que perderam sentimentos... Que essas pessoas sejam lembradas não somente hoje, dezessete anos após esse genocídio, que sejam lembradas por todo o sempre, pois assim como eu ou você, são pessoas, são humanos.
Excelente documentário.
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